sábado, 30 de abril de 2011

ANCILOSTOMÍDEOS: Ancylostoma Duodenale e Necator Americanus

A ancilostomose é considerada umadoença particularmente perigosa, principalmente para gestantes, pois pode afetar o desenvolvimento fetal, e para as crianças, causando retardo (muitas vezes irreversível) em seu desenvolvimento mental e físico.

Ancylostoma Duodenale

É um dos nematódeos causadores da ancilostomose no homem. Seu tamanho varia de 0,8 a 1,3 cm. Quando eliminados nas fezes são avermelhados por causa da hematofagia e histiofagia que fazem no trato gastrintestinal dos hospedeiros. O Ancylostoma duodenale tem bolsa copuladora e cápsula bucal com dois pares de dentes.

Necator Americanus

É um dos nematódeos causadores da ancilostomose. Seu tamanho adulto varia de 0,8 a 1,3 cm. O Necator americanus apresenta lâminas na cápsula bucal e o macho possui bolsa copuladora na região posterior. Quando eliminados nas fezes, são avermelhados por causa da hematofagia e histiofagia que fazem no trato gastrointestinal do hospedeiro.


Os Ovos

Os ovos de ambos são semelhantes e ao serem liberados no meio ambiente tornam-se larvas. A larva rabditóide leva por volta de uma semana para tornar-se filarióide. A infecção mais comum é por penetração da larva pela pele humana, mas pode ocorrer penetração por mucosas (boca). A infecção ocorre preferencialmente em locais baixos, alagáveis e férteis. A larva atinge a circulação linfática ou vasos sangüíneos, passando pelos pulmões e retornando até a faringe para a deglutição. O local preferencial de instalação no intestino é no final do duodeno, mas ocasionalmente pode atingir o íleo ou ceco (em infecções maciças) onde torna-se adulto. O período pré-patente varia de cinco a sete semanas.

Sintomas de Ambos

No local da penetração das larvas filarióides, ocorre uma reação inflamatória com prurido constante. no percurso deve ser observada tosse ou até pneuonia na passagem da larva pelos pulmões. Em seguida surgem perturbações intestinais que se manifestam por cólicas, náuseas e hemorragias decorrentes da ação espoliadora dos dentes cortantes existentes na boca desses vermes. Estas hemorragias podem durar muito tempo levando o indivíduo a uma anemia intensa, o que pode agravar ainda mais o quadro.


Prevenção e Tratamento de Ambos

As principais medidas de prevenção consistem na construção deinstalações sanitárias adequadas, evitando assim que os ovos dos vermes contaminem o solo; uso de calçados, impedindo a penetração das larvas pelos pés. Além do tratamento dos portadores, é necessária uma ampla campanha de educação sanitária. Caso contrário, o homem correrá sempre o risco de adquirir novamente a verminose.

Diagnóstico

O diagnóstico da ancilostomose pode ser analisado sob o ponto de vista coletivo ou individual. Em ambos os casos o diagnóstico de certeza será alcançado pelo exame parasitológico de fezes.

Trichuris Trichiura

Os T. trichiura, medem de 3 a 5 cm, são parasitos do intestino grosso de humanos e infecções leves e moderadas habitam principalmente o ceco e cólon ascendente do hospedeiro, porém nas infecções intensas ocupam também o cólon distal, reto e porção distal do ílio.
Apesar de amplamente distribuída a tricuríase é mais prevalente em regiões de clima quente e úmido e condições sanitárias precárias, que favorecem a contaminação ambiental e a sobrevivência dos ovos do parasito.
Estes vermes são considerados por muitos autores um parasito tissular, pois toda a região esofagiana do parasito penetra na camada epitelial da mucosa do hospedeiro, onde se alimenta principalmente de restos dos enterócitos lisados pela ação de enzimas proteolíticas secretadas pelas glândulas esofagianas do parasito. A porção posterior do T. trichiura permanece exposta no lúmen intestinal, facilitando a reprodução e a eliminação dos ovos que apresentam formato elíptico e poros salientes e transparentes.
Esse parasito apresenta dimorfismo sexual, reproduzem-se sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio externo com as fezes. O embrião presente no ovo recém eliminado se desenvolve no ambiente para se tornar infectante; o período de desenvolvimento do ovo depende das condições ambientais
Ciclo Biológico

Os ovos são expelidos com as fezes e permanecem viáveis durante vários meses ou anos em solo úmido e quente, e são infecciosos assim que se desenvolve a larva no seu interior, o que demora algumas semanas.
Se ingeridas, as larvas saem dos ovos no lúmen do intestino, migram para o ceco e penetram na mucosa intestinal. Aí se desenvolvem, maturando em formas adultas depois de alguns meses, que permanecem com a cauda no lúmen do intestino e a cabeça penetrando a mucosa. Se houver um macho e uma fêmea, pelo menos, no mesmo individuo, acasalam e a fêmea põe mais de 3000 ovos por dia, excretados nas fezes.

Sintomatologia: dores de cabeça, dor epigástrica e no baixo abdômen, diarréia, náusea e vômitos, disenteria crônica com presença de muco e sangue, dor abdominal com tenesmo, anemia, desnutrição grave caracterizada por baixo peso e altura abaixo do nível aceitável para a idade e prolapso retal.

Ascaris Lumbricóides


MORFOLOGIA

MACHO: 20 a 30 cm. Extremidade posterior enovelada ventralmente.

FÊMEA: 30 a 40 cm. Extremidade posterior retilínea.

Os dois têm coloração branca e levemente rosada, pois se alimentam de sangue.

Lançam projeções da hipoderme na camada muscular, chamadas de campos.

Tipos: polimiário - quando há muitas células musculares entre os campos - Ascaris

meromiário - poucas células musculares entre os campos - Enterobius

holomiário - Trichuris trichiura

Ocorre principalmente em climas tropicais e subtropicais. São cosmopolitas. Preferem solos arginosos úmidos e aerosos. São geo-helmintos, ou seja, helmintos que tem HI, mas cuja maturação de ovos ou larvas se faz no solo.

HABITAT

Intestino delgado, principalmente jejuno e íleo.Machos e fêmeas vivem juntos. Podem ficar presos à mucosa, devido aos fortes lábios, ou migrarem pela luz intestinal.

CICLO BIOLÓGICO

Tipo monoxênico

Os ovos vão para o exterior junto com as fezes. Em condições favoráveis, como umidade, oxigenação e temperatura adequada, os ovos tornam-se embrionados em alguns dias. Há multiplicação das células germinativas, formando a promeira larva (L1). Depois vira a larva rabditóide (L2), que é a forma infectante e que é ingerida na água contaminada, por artrópodes, pássaros., poeira, ... No estômago, a casca é amolecida, vai para o intestino e é libertada no ceco. Penetra na parede intestinal, cai na circulação, vai para o fígado, coração, a. pulmonar e pulmão. Nos capilares pulmonares sofre metamorfose , muda de tamanho e L2 vira L3. L3 rompe os capilares e cai nos alvéolos, sofrendo outra metamorfose e se transformando em L4, de 1,5 mm.

L4 então sobe a árvore brônquica e pode ser eliminada junto com o catarro ou engolida e ir para o estômago. Depois vai para o intestino e no jejuno-íleo se transforma em L5, já adultos jovens. Depois de 60 dias alcançam a maturidade sexual, tornabdo-se adultos. Desde a ingestão até a eliminação dos ovos leva de 2 a 2,5 meses.


PATOGENIA

Ação espoliativa, pois os vermes consomem muitas proteínas, carboidratos, lipídios e vitamina A e C, levando o paciente a subnutrição e depauperamento físico e mental.

Ação tóxica, ação traumática e mecânica obstrutiva. Forma nódulos no intestino.

O Ascaris possui uma toxina, como a Hymenolepis nana, que provoca manifestações alérgicas, agindo no córtex cerebral, podendo causar meningite e ataques epiléticos. Causa também prurido nasal e cutâneo. Faz também o paciente ranger os dentes ao dormir.


SINTOMATOLOGIA

Aparelho respiratório: pneumonia difusa com febre, bronquite ascaridiana, Sínd. de Loeffler (tosse, febre e eosinofilia elevada).

Aparelho digestivo: cólica, dor epigástrica (ao redor do umbigo), má digestão, náuseas, perda de apetite, emagrecimento.

Sistema nervoso: meningite, nervosismo, excitabilidade e irritabilidade aumentada, insônia, convulsões

Metabólicas: hipoglicemia, déficit pôndero - estatural

Localizações ectópicas:

apêndice cecal - apendicite aguda

fígado - abscesso hepático

canal pancreático - pancreatite (fatal)

trompa de Eustáquio - otite

ouvido médio - otite


TRATAMENTO

Aspiração gástrica, óleo mineral para tentar desmanchar o bolo de Ascaris, cirurgia, sais de piperazina (Pyn-pan), Mebendazol, Albendazol,...


DIAGNÓSTICO

CLÍNICO: Difícil. Dores abdominais, abdome abaulado, cólica, vômitos,...

LABORATORIAL: Pesquisa de ovos nas fezes, por método da sedimentação espontânea ou por centrifugação.


PROFILAXIA

Educação sanitária, construção de fossas, tratamento em massa da população periodicamente durante 3 anos consecutivos, proteção dos alimentos contra poeiras e insetos.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Trichomonas Vaginalis

A Trichomonas Vaginalis é um protozoário eucariótico flagelado de forma globular ou amebóide que é transmitida sexualmente e infecta especificamente o trato genital, possuem quatro flagelos livres anteriores e um quinto incluso na membrana ondulante que se estende ao longo dos dois terços anteriores da célula. Os flagelos movimentam o protozoário com movimentos abruptos.
Possuem mecanismos de adaptação, pois de acordo com a alimentação disponível ou não no ambiente propício para o mesmo, se adapta alterando o seu metabolismo e sobrevivendo com as mínimas condições, dessa. Não possui forma cística.
Seu habitat no homem é a uretra , epidídimo e prepúcio, na maioria das vezes é assintomático. Já na mulher o protozoário se restringe a mucosa
vaginal, causando vários sinais e sintomas.

Biologia

  • Sua reprodução é por divisão binária longitudinal.
  • É um protozoário anaeróbico facultativo.
  • Sobrevive em: pH entre 5 e 7,5 e em temperatura entre 20 e 40°C.
  • Se nutre de maltose, glicose e galactose, que são usadas como fonte de energia.
  • Não possui mitocôndrias nem citocromo, dessa forma não completam o ciclo de krebs.
  • Possui grânulos densos de Hidrogenossomos
  • Tem a capacidade de manter reserva de glicogênio e de sitetizar alguns aminoácidos.
Duas outras espécies de trichomonas colonizam o homem, mas não ocorrem no órgão genital e são elas:
  • Trichomonas Tenax: se encontram nos dentes e no tártaro e não são patogênicas.
  • Pentatrichomonas Hominis: se encontram no intestino e também não é patogênica.
Mecanismo

Ao passar da forma flagelada para amebóide, o parasita desenvolve os pseudópodos que se fixam ao substrato, e consomem o glicogênio da mucosa vaginal, enfraquecendo o tecido epitelial.


Patologia

O T. vaginalis é um dos principais patógenos do trato urogenital humano, e está associado a sérias complicações de saúde, como:

  1. Problemas relacionados com a gravidez – a tricomoníase pode ser a causa de nascimentos prematuros, recém nascidos de baixo peso, endometrite pós-parto, natimortos e morte pré-natal.
  2. Problemas relacionados à fertilidade – o risco de infertilidade é duas vezes maior nas mulheres infectadas, pois a infecção destrói a estrutura tubária e danifica células ciliadas da mucosa tubária, inibindo a passagem de espermatozóides.
  3. Transmissão do HIV – a infecção faz com que o corpo reaja imunizando o local, o que induz a uma grande infiltração de leucócitos, incluindo células alvo do HIV, com as quais ele se liga e ganha acesso. Além disso, o trichomonas vaginalis causa pontos hemorrágicos na mucosa, permitindo o acesso direto do vírus para a corrente sanguínea.

Sintomas e sinais

O trichomonas vaginalis produz infecção somente no trato urogenital humano. Na mulher, o período de incubação varia de três a vinte dias. A tricomoníase provoca uma vaginite que se caracteriza por um corrimento vaginal fluido abundante de cor amarelo-esverdeada, bolhoso, de odor fétido, mais freqüentemente do período pós-menstrual. A mulher apresenta dor e dificuldade para as relações sexuais, desconforto nos genitais externos e dor ao urinar. A vagina e a cérvice podem ser edematosas e eritematosas, com erosão e pontos hemorrágicos na parede cervical.

No homem, a tricomoníase é comumente assintomática ou apresenta-se como uma uretrite com fluxo leitoso ou purulento e uma leve sensação de prurido na uretra. As seguintes complicações são atribuídas a esse organismo: prostatite, balanopostite e cistite. Esse protozoário pode se localizar ainda na bexiga e vesícula seminal.

O diagnóstico é feito pelas características clínicas, visualização direta de trofozoitos, cultura e imunodiagnóstico.

sábado, 5 de março de 2011

Giardia Lamblia

Se trata de um parasito cosmopolita, são unicelulares, binucleadas, possum 8 flagelos responsáveis pela sua locomoção, e apresentam discos suctoriais. Costuma atingir crianças de 10 a 12 anos e de ambos os sexos. Estudos mostram que há uma maior quantidade de casos em em pessoas de classe média que tem uma alimentação mais favorável, o que torna muito mais nutritivo o habitat para a giardia.
A alimentação desse parasita é por fagocitose e pinocitose.
Ao se aderirem na superfície da parede do intestino através de discos suctoriais tornando facilitada sua alimentação pois antes das paredes do intestino absorverem os nutrientes estes passam antes pelas giardia acopladas as paredes e dessa forma elas se alimentam.
Se apresentam em duas forma: de Cisto e Trofozoita


O ciclo da "Giardia Lamblia"

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Amebíase Extra-Intestinal

Os abscessos hepáticos amebianos são causados pelo mesmo agente que provoca a amebíase, uma infecção intestinal. A Entamoeba Hystolistica chega ao fígado pelo sangue, formando abscessos.
A transmissão quando há ingestão de cistos existentes em água e alimentos contaminados com fezes, uso de fezes humanas como fertilizantes e contato direto com pessoas contaminadas. A incidência de abscessos hepáticos amebianos é de cerca de 1 em cada 100.000 pessoas.
Sintomas:
febre, dor abdominal no quadrante superior direito (decorrente do fígado aumentado e sensível)
pode ser intensa, contínua e latente, desconforto geral, inquietação ou indisposição (mal-estar)
suores, calafrios
Tratamento:
O tratamento comumente usados para pacientes com abscessos hepáticos é a terapia antimicrobiana com metronidazol. Deve-se drenar o abscesso para ajudar a aliviar a dor abdominal associada ao abscesso. Deve-se medicar o paciente para eliminar a amebíase intestinal e prevenir a recorrência da doença.
Prognóstico:
Se não for tratado, o abscesso pode se romper e se disseminar a outros órgãos, podendo provocar a morte do paciente.
perda do apetite, perda de peso, diarréia, icterícia, dor articular (pode ocorrer) parte do grupo de risco.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A Importância da História Natural da Doença no Diagnóstico Laboratorial


Todos os dias, as unidades de saúde recebem centenas de pessoas que procuram atendimento básico, e no decorrer desses atendimentos os profissionais de saúde se deparam com casos clínicos (HND) bastante semelhantes, com sinais e sintomas que chegam a ser idênticos. É neste tipo de situação que se fazem necessários a solicitação de exames laboratoriais para que se chegue a um diagnóstico preciso.
Na história natural da doença, serão comparados todos os fatos relatados pelo cliente (paciente) a fim de associar esses sinais e sintomas a possíveis diagnósticos, mas com a solicitação de exames laboratoriais para o diagnóstico correto.
Já para o diagnóstico laboratorial, a história natural da doença será também de fundamental importância, pois de acordo com a clinica do paciente, o parasitologista pode já associar a algo que leve àqueles sintomas, principalmente em infecções por microrganismos, tendo um caminho a seguir e tornando assim mais ágil e fácil o trabalho.
A interação entre diagnóstico laboratorial e história natural da doença é de fundamental importância, pois ambos resultados podem ser vistos e associados, dessa forma chegando a um resultado mais preciso do que é a patologia, e desta forma proporcionando uma melhora garantida para o paciente com o tratamento adequado.